terça-feira, 26 de setembro de 2017

O que temos para hoje!




 Minha mãe, sempre sábia, todas as manhãs, sentando-se junto a nós -  eu e mais cinco irmãos - servia o café, acompanhado de pão, manteiga e leite – As vezes tinha bolo. A mesa e as cadeiras eram móveis antigos que ela cuidava com todo o carinho por se tratar de um presente de uma tia nossa.  Eu, já me levantando apressada para ir à escola, recebia seu beijo além do seu olhar doce, que também queria perguntar se eu não estaria esquecendo algo, se estava levando o casaco de frio – estivesse frio ou não. Antes de sair eu perguntava o que seria no almoço, imaginando os sabores da comida deliciosa que ela preparava, apesar da simplicidade. Ela fazia uma expressão feliz, silenciava e como se tivesse um olhar de Raio-X, parecia percorrer os armários por dentro, onde guardava os alimentos – me recordo de não possuirmos geladeira - Vou ver o que  temos para hoje!  Ela sempre dava um jeito de nos surpreender.  O que tivéssemos para o dia de hoje, seria o suficiente, nos bastaria. A consciência de que tudo seria providenciado, sem lamentos, cobranças, stress. ( aliás nem tínhamos conhecimento do que essa palavra poderia significar)  era a certeza de que tudo transcoreria em paz, houvesse o que houvesse, que mudasse a rotina, que nos deixasse alegres ou tristes, havia uma paz, tudo se resolvia a contento sem que perdêssemos a serenidade.
   -“ O que teríamos para hoje”, era um dia longo, onde aproveitaríamos ao máximo, o sol, as árvores no quintal, a natureza, o encontro com os ninhos de passarinhos, as poças d´água que a chuva fazia, as brincadeiras com a bola, as tarefas da escola, a chegada do nosso pai, que sempre trazia pastéis a noite. A preocupação com o futuro chegou sim, mas sem medo, carregada de sonhos que pareciam tão distantes... tanto que não chegava a ser realmente uma preocupação.
 Crianças é o que éramos, e felizes.
Sinto nas crianças de hoje, uma preocupação extrema com o possuir. A felicidade está focada apenas em tudo o que o dinheiro possa comprar. Se isso as fazem felizes, tudo bem, o mundo mudou eu sei, mas há um prejuízo, o de se tornarem escravizadas por toda uma vida.
Ah, que vontade de comer abóbora com carne seca!!!
Lourdinha Vilela.
   



quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Saudade



Ontem desabei num choro contínuo e soluçado
 Há quanto tempo não chorava assim - Não sei, 
mas o motivo foi sempre o mesmo. Saudade!!!
Saudade daquelas, que doem, espancam o corpo
Te jogam na cama, ou no sofá, depois num pulo só
 te levam a até o computador , ou te fazem 
procurar lápis , caneta e papel, e você começa a es-
crever, pensando que assim vai diminuir a dor.
E aqui estou. 
Só a sua lembrança filha, me faz chorar assim;
À  sua ausência eu já me acostumei, mas a tua presença
faz tanta falta. O teu sorriso, os teus rabiscos na parede,
a cor azul nos teus olhos,  a chama da  esperança que me habitava
e que um dia se apagou.
Sempre acontece assim, muitas vezes são coisas simples
que trazem você num instante de luz. Só eu te vejo assim reluzente
num breve espaço de tempo, tão breve , que ao querer te abraçar
eu apenas sinto o vazio, um grande vazio, então começo a chorar,
Ontem foi um vídeo da Chloe.
Eu não sei porque coloquei este texto aqui no blog que fiz para homenagear 
a natureza, publicando sobre animais e plantas. Acho que porque você -
 tão frágil, tão doce, tão alegre, parecia ser um passarinho, com seus cabelos 
loirinhos, mais precisamente um Canarinho.

Lourdinha Vilela.



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