domingo, 19 de abril de 2015

Fugaz



Com tanta pressa
 A nossa memória
Poderá ser apenas
um arquivo de vultos,
 ventos revoltos,
nada que um dia
 coube sentir e abraçar
É preciso voltar à calmaria!
sequestrar perfumes e cheiros
nuances,
 novelos inteiros
de fios-histórias
pra contar.  
 A paisagem da vida,
 absorver e observar.
Lentamente...

Lourdinha Vilela

Fotos- Eu 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sombra e renda


Há uma árvore
fazendo renda
de sombra
No chão.
Há um menino
E uma esperança
no alto-atalho da árvore,
uma visão,
seu pequeno mundo
ampliado agora
perto do céu
a imensidão.
Quem dera um pássaro
 emprestasse suas asas
 voaria o menino
 feito um falcão.
Por sobre as casas,
a linha do trem,
o rio, as matas,
por todo o Sertão,
Um vento mais forte
acordou o menino
do sonho sereno
brusco empurrão.
Voou curtinho, desequilibrado
de asas quebradas
sentimento humilhado
de volta à renda, da sombra da árvore
no chão.

Lourdinha  Vilela

Imagem - Brasilândia MG

Continuando com o tema, trouxe um poema que gosto muito, do blog - "Fala comigo doce como a chuva". da minha amiga Nádia Dantas. O blog é excelente e trás sempre obras de grandes autores.

PALAVRAS
Manoel de Barros.

Palavra dentro da qual estou há milhares de anos é árvore.
Pedra também.
Eu tenho  precedências para pedra.
Pássaros também.
Não posso ver nenhuma dessas palavras que eu não leve um susto.
Andarilho também.
Não posso ver a palavra andarilho
que eu não tenha vontade de dormir debaixo
 de uma árvore,
que eu não tenha vontade de olhar com espanto, de novo, aquele
homem do saco, a passar como um um rei de andrajos
nos arruados da minha aldeia.
E tem mais. as andorinhas pelo que eu sei,
consideram os andarilhos como árvore.


Não é lindo esse poema?